quinta-feira, 28 de maio de 2009

Entrevista com dirigente nacional do MST João Pedro Stédile

Geral

Luta pela terra


Nos 25 anos de aniversário do Movimento dos Trabalhadores Rurais (MST), um dos coordenadores do MST e da Via - Campesina , João Pedro Stédile, concedeu entrevista ao Blog Satolep na Contramão. Ele falou sobre: Comunicação, Reforma Agrária , Etanol e Transgênicos.(Entrevista concedida em 20.05.09 por telefone)

Sobre reforma agrária e a democratização da comunicação – Para João Pedro Stédile, ”o inimigo é mesmo”, e reitera. “Esses dias estávamos pesquisando e, fui informado, que associação brasileira do agronegocio, tem cinqüenta e dois sócios , entre os quais está o estado de São Paulo e a rede Globo de televisão”. Para Stédile, é a mesma turma que controla o agronegocio e os meios de comunicação, com o objetivo primeiro de ganhar dinheiro e manipular a opinião das pessoas a favor dos interesses do capital. Os movimentos de reforma agrária e de democratização da comunicação têm até os mesmos inimigos, reiterou Stédile.

Sobre os Transgênicos – o coordenador do MST tem uma avaliação que há uma guerra em curso. Uma batalha foi perdida, com a entrada ilegal das sementes transgênicas, contrabandeadas pela multinacional Monsanto, trazida da Argentina para o Rio grande do Sul. Já no Paraná, o governador Requião, decretou que o Paraná é território livre de transgênicos, e o porto de Paranaguá, não pode escoar soja transgênicas. Em outros lugares do Brasil a batalha dura. Stédile ressalta que, “o que esta por trás da soja e do milho transgênicos, é o objetivo de lucro, não dos agricultores, mas sim das multinacionais”. Falou também que, a EMBRAPA, desenvolve projetos de variedades de sojas tropicais, que são muito mais produtivas que soja modificada geneticamente. A multinacional Monsanto quer atrelar o agricultor ao seu produto, “por que ao plantar a soja Randap, o agricultor tem que comprar o herbicida Randap, é uma armadilha” - disse Stédile. Em estudos feitos pela Associação Nacional de Produção de Defensivos Agrícolas, demonstrou que o consumo de agrotóxicos, em especial os herbicidas, aumentou nos últimos anos no Brasil. “Isso demonstra que, tudo que se dizia sobre os benefícios dos transgênicos, que iria melhorar a produção, não é verdade, a produção da soja está estagnada pelo menos, de cinco a seis anos”, comenta Stédile.

Sobre o etanol – é mais nova forma de colonização, implementada pelos multinacionais norte-americanas, para Stédile, o petróleo é base principal para os veículos nos Estados Unidos. Mas há também uma diminuição de reservas, o preço estabilizado, o aquecimento do clima e os principais inimigos dos norte - americanos tem controle das principais reservas mundias. Há um acordo das principais empresas americanas com o governo, para mudar a matriz energética, passando do petróleo para o etanol. Para Stédile, a visita ao Brasil em 2007 do ex- presidente Bush tinha um propósito, de conversar com empresários brasileiros, os americanos entram com o capital, para construir cem usinas de álcool, os empresários brasileiros entram com a mão- de- obra. Para o Brasil será um desastre. Diz Stédile, “Pois a cana -de – açúcar gera problemas ambientais gravíssimos, que é o da monocultura, no canavial não há biodiversidade, é comprovado também que há aumento da temperatura, em Ribeirão Preto (SP), onde tem uma grande concentração de canaviais, há um acréscimo de meio grau nos últimos anos, e diminuiu o volume de chuvas em 120mililitros”. Uma das regiões mais pobres do Brasil é litoral nordestino, onde o índice de analfabetismo é o mais alto, pois lá, se cultiva cana na forma de monocultura há quatrocentos anos, complementou Stédile.

Sobre o segundo mandato do governo LULA – Para o líder do MST, o governo LULA fez uma inflexão para direita, isso significa que o governo vai dar mais dinheiro para agronegocio, do que para reforma agrária. Na avaliação João Pedro, o governo assinou sete compromissos com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra e, não cumpriu nenhum. “Agora para Votorantin, o governo abriu um linha de crédito no BNDES, de seiscentos milhões de reais, para expansão do eucalipto na região sul”, diz Stédile. O MST possui convênio quarenta e duas universidades brasileiras, possui uma boa organização interna e vai continuar luta pela reforma agrária , ou seja , cumprindo com o seu papel de movimento social organizado.

Sobre comunicação da Esquerda - Stédile comenta que, há dois motivos para não consolidação de instrumento de comunicação para classe trabalhadora, para ele, há uma crise ideológica na esquerda e, um descenso do movimento de massa. Os partidos e sindicatos que têm dinheiro caiem na ilusão, que é dando uma entrevista para RBS e para outro grande meio de comunicação, que isso é democratizar a comunicação, ledo engano. No passado havia uma grande gama de jornais e rádios da esquerda, o partido comunista chegou a ter três jornais diários, na época. Hoje com o neoliberalismo, que vem gerando uma despolitização dos nos movimentos, ou seja, partidos políticos preocupados com eleições e sindicatos cada vês mais corporativos.


João Pedro Stédile fala no XIII Encontro Nacional do MST no assentamento Anonni

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Vãn Züllatt

Música

Criatividade pura e única. Diferente de tudo o que você já ouviu, o grupo instrumental Vãn Züllatt, formado em 2002 aqui em Satolep, produz músicas com uma sonoridade muito particular. Segundo os próprios membros da banda, a proposta é desenvolver músicas instrumentais experimentais, livres de rótulos ou gêneros. E isso é o que mais destaca e chama atenção no belo trabalho do grupo.
A mistura de sons e estilos é uma característica marcante do Vãn Züllatt. Cada música tem sua particularidade e explora diferentes instrumentos e sonoridades. Recentemente a música “Samba Jacaré”, do primeiro álbum da banda chamado “O Casulo - 2008” (foto), integrou a coletânea Arte Daqui volume III, projeto desenvolvido com o apoio da RadioCom 104.5 fm.
O grupo, que está produzindo um novo trabalho, ainda sem previsão de lançamento, é formado por Jonatã Müller (guitarra), Cleber Vaz (teclado), Marcelo Silva (bateria) e Gabriel Mattos (baixo). Em entrevista, eles contam um pouco da história do Vãn Züllatt.

Por que o nome Vãn Züllatt, qual o seu significado?
O nome surgiu quando o grupo decidiu que não deveria usar algo que já pudesse ter sido usado ou viesse a sê-lo.
Vãn Züllatt trata-se de um arranjo das letras dos nomes e sobre-nomes dos integrantes do grupo, sendo que a pronuncia (Vãn Zila) é conseqüência da descendência alemã do guitarrista Jonatã Müller.
Quanto ao significado, é uma forma de representar a origem do som do grupo que, assim como o nome, é uma fusão das contribuições de seus membros.

Quando surgiu a idéia de montar um grupo e tocar música instrumental?
A idéia surgiu em 1995 quando a banda pelotense Conflito Social, que tinha Marcelo Silva na bateria, convidou Cleber Vaz para tocar guitarra. Esse projeto não foi adiante, mas o embrião do Grupo Vãn Züllatt estava formado. Marcelo e Cleber decidiram que, quando fosse possível, montariam um grupo que até então não seria instrumental.
Como a situação financeira da dupla não esteve favorável nos anos 90, o grupo só veio a se formar em 2002 quando, além da melhora nas finanças, Jonatã Müller e Gabriel Mattos passaram a fazer parte do projeto que desde então passou a ser instrumental.

O grupo tem a mesma formação desde o seu início, ou houve mudanças de membros?
A formação é a mesma desde o primeiro ensaio como quarteto, já que nos anos 90 os raros ensaios foram em dupla.

Quais bandas ou músicos serviram de influência para a sonoridade do Vãn Züllatt?
Todos os trabalhos artísticos que os membros do grupo já escutaram são influências no trabalho, sendo que alguns o são no sentido do que fazer enquanto outros no sentido do que não fazer.
A lista é grande pois inclui várias formas de música brasileira e internacional. Do samba ao Rock tudo é influência.

Como se dá a escolha das músicas a serem gravadas por vocês?
Como o repertório do grupo é basicamente autoral, a única questão é quando e como gravar pois o grupo desenvolve formas diferentes de música e por isso geralmente a escolha se dá tendo em vista como as peças soam coletivamente, foi baseando-se nesse critério que algumas peças foram deixadas de fora do primeiro álbum "O Casulo".

Fale sobre os projetos para o futuro?
No momento o Grupo trabalha no repertório do próximo álbum que tem gravação prevista para o próximo verão, sendo que existem algumas peças reservadas para um álbum posterior ainda sem previsão para o início dos trabalhos.
A proposta do Grupo Vãn Züllatt é fazer música instrumental experimental, livre de rótulos e gêneros, mesmo que isso possa desagradar aqueles que por ventura esperem do grupo um trabalho de estilo definido, bem como álbuns de sonoridade semelhante.



Para quem ficou curioso a respeito do som do Vãn Züllatt, as músicas do álbum “O Casulo” estão disponíveis gratuitamente na internet, assim como um vídeo de uma apresentação da banda na 36ª feira do livro de Pelotas. Vale a pena baixar e conferir o virtuosismo singular destes grandes músicos.

O Casulo - 2008

01 - Produto Misto
02 - Sertão Digital
03 - Cores
04 - De Sol a Sol
05 - Utacaram
06 - Tarantula
07 - A Montanha
08 - Do Pé da Seringueira
09 - Jazzpion
10 - Tropicando
11 - Samba Jacaré

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Isso não é uma dica de filme.

Cultura
O MALG - Museu de Arte Leopoldo Gotuzzo, organiza freqüentemente sessões de cinema grátis. O projeto, chamado Cinema no Malg, acontece no próprio Museu (Gen. Osório, 725) e geralmente conta com a participação de professores do curso de Cinema da UFPel que no final propõe uma discussão sobre o filme.

A próxima sessão, ainda sem data definida, será sem dúvida alguma, divulgada aqui, pois acredito (na verdade quero acreditar) que o problema de não haver muita gente participando de projetos como esse, seja pela falta de divulgação e os culpados são os meios de comunicação, que em geral não se interessam em divulgar cultura se não receberem algum incentivo ($)! Maravilha, hein ô batista?! Bom, mas é exatamente para isto que estamos aqui.

Sem critérios e sem preconceitos, os filmes são escolhidos aleatoriamente pelos professores da UFPel ou mesmo por sugestão de pessoas que participam das sessões. Nada mais justo. Não preciso falar (mas já estou falando) que filmes do tipo superladoA, besteirol americano e sem fundamento não entram na brincadeira.
O último filme escolhido para o Cinema no Malg foi Saneamento Básico. Os nacionais são sempre bem-vindos, blábláblá eu acho que temos que valorizar as produções locais, mas isso é conversa pra outra hora.

Foto: www.saneamentobasicoofilme.com.br
Voltando ao filme do Jorge Furtado, ele aborda exatamente o cinema brasileiro, ainda pouco assistido e discutido por nós. Ele se passa numa cidade do interior do Rio Grande do Sul (AEE!!), MAS.... com atores globais (¬¬), sotaque carioca (¬¬²) e nenhuma música nacional na trilha (PORRA FURTADO!)

Bom, fora estas observações chatas, o filme é divertido e discute a política governamental de verbas para a cultura, além de questionar a verdadeira relevância ($) de se produzir cinema em um país “sem saneamento básico”.

Chegando aos finalmentes, quero esclarecer que, ao contrário do que possa parecer, isto não é uma dica de filme. É uma crítica. Inicialmente para quem não valoriza o que é produzido no Brasil e, sobretudo para os que não aproveitam projetos legais que acontecem na cidade, como esse do MALG, e depois ficam por aí dizendo que "Pelotas não tem nada pra fazer”.

Solidariedade também gera renda

Sociedade

Curso prepara monitores para atuar na área da economia solidária em Pelotas

Auto gestão, geração de renda, solidariedade, são algumas das palavras chaves que definem uma das alternativas encontradas por trabalhadores para sobreviver com espírito de igualdade. Segundo alguns autores, como Paul Singer, a economia solidária surgiu como “cooperativismo”, no século XIX, numa resposta aos problemas do capitalismo industrial, e mais recentemente, ao desemprego dos anos 90. Já outros, trabalham com a hipótese de que ela surgiu há muito mais tempo, com os povos primitivos, com sua economia “comunitária”. De qualquer forma, ela continua sendo uma forma de resistência à competição, ao desemprego, ao modo pouco solidário de organização de nossa sociedade. Vários projetos em Pelotas funcionam nessa lógica de valorização do ser humano e são apoiados pela UCPel, que capacita pessoas interessadas em compartilhar conhecimento.

Foto da Feira Ecológica ARPA-SUL
O Curso de Formação de Monitores da Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares (INTECOOP), que existe há dez anos, começou suas atividades no dia 8 de maio, com uma palestra do professor Antônio Cruz, coordenador da Incubadora, que falou sobre os objetivos do curso, assim como dos projetos existentes na cidade e que necessitam de apoio. Cerca de 60 pessoas participaram das atividades que incluíram também visitas a três empreendimentos de economia solidária da região.


A INTECOOP/UCPel foi fundada em 2000 e seu maior objetivo é trabalhar interdisciplinarmente o saber cientifico com o saber popular, viabilizando uma troca de saberes, e o complemento para a realização do trabalho. Nessa perspectiva existem cinco projetos em Pelotas atualmente incubados: LAGOA VIVA (pescadores da Z-3), FRAGET (seleção de resíduos, Guabiroba), RETRATE (artesanato, vinculada aos Centros de Atendimento Psico-Social/CAPS), COOPRESSUL (artesanato e alimentos naturais), Alternativa de Comercialização (rede de comercialização com onze grupos). O curso é oferecido à comunidade pelo menos uma vez no ano.

Além disso, esta semana, Pelotas recebeu a Feira Itinerante de Microcrédito, organizada pela “EmRede”, que ficou três dias no largo do mercado. Quem passou por lá pode ver a exposição de
produtos comercializados, além de palestras e orientações sobre microcrédito. A cidade conta com duas instituições que oferecem crédito para quem quiser começar um empreendimento, a Credsocial, no Centro, e a Juriti, no loteamento Dunas.


Na foto Nilo Schiavon fala sobre o projeto ARPA-SUL que surgiu em 1995 com a finalidade de fornecer um espaço para agricultores familiares venderem seus produtos ecológicos. Esse projeto passou pela incubação e agora caminha com suas próprias pernas.
*A feira é montada três vezes por semana:
Terça-feira: Av. Bento Gonçalves (manhã)
Quinta-feira: Largo do mercado (tarde)
Sábado: Av. Dom Joaquim e Av. Duque de Caxias (manhã)

Consuma alimentos ecológicamente corretos, eles não possuem agrotóxico, assim não prejudicam a sua saúde.

A crise do capitalismo e o papel da esquerda

Debate

Em uma segunda-feira (18) chuvosa na cidade Pelotas, aconteceu o debate sobre “A crise do capitalismo e o papel da esquerda”. Para falar sobre assunto foram convidados o Deputado Estadual Raul Pont (PT) e o sociólogo Luís Carlos Lucas, o local onde ocorreu o encontro foi o Auditório Central do Campus I da UCPel (ex-jandirão). Os DCEs das universidades Católica (UCPel) e Federal de Pelotas(UFPel), o gabinete do Vereador Ivan Duarte e o Instituto Mário Alves foram organizadores do evento, que recebeu a presença de um bom público e foi aberto a toda comunidade.

O Debate

Para o Deputado Estadual Raul Pont, “a crise capitalista não tem sua origem somente no crédito imobiliário americano, mas sim, em um processo mais profundo de dimensão mundial, onde as grandes empresas e os banqueiros forjaram lucros exorbitantes em ações investidas na bolsa de valores, esse motivou essa bolha financeria que explodiu e causou tudo isso”.

Já o sociólogo, Luís Carlos Lucas, ressalta “que existe uma campanha internacional dos governos e da grande imprensa afirmando que o pior já passou". A crise, segundo essa linha de pensamento, já estaria terminando, abrindo caminho para a retomada do crescimento. Lucas questionou se isso corresponderia, de fato, a realidade. O sociólogo observou que a crise ainda pode se aprofundar dependendo das ações tomadas tanto pelo poder econômico quanto pelos governos que regem a relação entre o capital e o trabalho.

Conclusão

Logo após a fala dos dois debatedores,foi aberto um espaço onde a platéia pode fazer seus questionamentos. Embora não sendo da mesma filiação partidária, os conferencistas, chegaram a mesma conclusão: Que a crise não é cíclica, é estrutural do capitalismo e será prolongada e profunda. Eles colocaram em xeque os padrões atuais de consumo e os recursos naturais, o equilíbrio do meio ambiente. E ressaltaram também, a necessidade de se debater políticas públicas que garantam a manutenção das mínimas condições de vida digna às pessoas.


Veja nos vídeos abaixo trechos do debate:

Deputado Raul Pont




Professor Luís Carlos Lucas

II Conferência Nacional de Promoção a Igualdade Racial em Pelotas

Cidade

Líderes de entidades negras e quilombolas estiveram presentes na discussão da inclusão do negro na sociedade

Um debate em busca de respostas a tantos questionamentos ligados à "diferença racial". Reivindicações sobre temas como educação, saúde e emprego para os negros e, mais que isso, busca da união e da igualdade entre todos - independente da cor - foi o principal motivo que pelotenses estiveram reunidos no auditório do IEF-Sul na II Conferência Nacional de Promoção a Igualdade Racial.

O encontro foi no último sábado (16) com duas sessões: uma pela manhã e sua continuação a tarde. O número de participantes foi assustadoramente pequeno e surpreendente, considerando que 43% da população em Pelotas é negra. Entretanto, já era de se esperar: a falta de divulgação da grande mídia por um acontecimento tão importante ficou a desejar mais uma vez.

A representante do estado do Rio Grande do Sul, Jaqueline Faraco, disse que o governo gaúcho vem apoiando esse debate desde o início de sua intervenção. A nova gestão do governo que tem como responsável a secretária Sátira Machado, vem articulando com outras cidades do estado para esse debate se expandir. Em contraponto, representantes de entidades negras aqui da cidade lamentaram a ausência de mais representantes do governo na própria Conferência, já que a próxima etapa é a regional em junho e futuramente debates estadual e nacional acontecerão. O governo apóia, mas não está presente.

Assuntos como terra, educação, trabalho e renda, prevenção à violência , segurança e justiça, saúde e política internacional foram pautados pela mesa composta por representantes da Secretaria Municipal de Educação, da Saúde e professores da UFPel, Faculdade Anhanguera, e do IEF-Sul. Os debatedores tiveram uma interação boa com os conferencistas, recebendo observações sobre questões como a inclusão do negro na educação, as cotas em concursos públicos nas universidades, o negro na cultura, doenças com percentuais maiores nos negros e habitação de quilombolas que estavam presentes em maior número na Conferência.

Busca pela Igualdade

Martin Luther King, um exemplo a ser seguido


Quando se fala em igualdade, dificilmente não se lembra de um dos mais importantes líderes do ativismo pelos direitos civis (para negros e mulheres, principalmente) nos Estados Unidos e no mundo: Martin Luther King. Responsável pela campanha de não-violência e de amor para com o próximo, King tornou-se a pessoa mais jovem a receber o Prêmio Nobel da Paz em 1964, anos antes de seu assassinato no dia 4 de abril de 1968, momentos antes de uma marcha, num hotel da cidade de Memphis.



Foto: www.writespirit.net/.../martin-luther-king2.jpg


O mais questionador disso tudo é que essa busca pela igualdade é uma luta constante de tanto tempo. Vemos na história, tantos outros homens assim como Martin que militaram na esperança de que a humanidade pudesse ser igualitária, sem distinções. E esse assunto tão polêmico em dias como hoje (assim como no passado), continua sendo discutido por geração em geração pela falta de igualdade entre os povos.

Quando leio o discurso conhecido de Martin Luther King "I have a dream", escrito em 1963, em alguns momentos penso que ele escreveu por esses últimos anos, pois desde o passado, ainda sofre-se um grande preconceito e uma forte adversidade entre os homens.


Abaixo, alguns trechos de seu discurso: "Eu tenho um sonho"

Eu tenho um sonho que minhas quatro pequenas crianças vão um dia viver em uma nação onde elas não serão julgadas pela cor da pele, mas pelo conteúdo de seu caráter. Eu tenho um sonho hoje. Eu tenho um sonho que um dia, no Alabama, com seus racistas malignos, com seu governador que tem os lábios gotejando palavras de intervenção e negação; nesse justo dia no Alabama meninos negros e meninas negras poderão unir as mãos com meninos brancos e meninas brancas como irmãs e irmãos. Eu tenho um sonho hoje!
Esta é nossa esperança. Esta é a fé com que regressarei para o Sul. Com esta fé nós poderemos cortar da montanha do desespero uma pedra de esperança. Com esta fé nós poderemos transformar as discórdias estridentes de nossa nação em uma bela sinfonia de fraternidade. Com esta fé nós poderemos trabalhar juntos, orar juntos, lutar juntos, para ir encarcerar juntos, defender liberdade juntos, e quem sabe nós seremos um dia livre. Este será o dia, este será o dia quando todas as crianças de Deus poderão cantar com um novo significado.
"Meu país, doce terra de liberdade, eu te canto. Terra onde meus pais morreram, terra do orgulho dos peregrinos, De qualquer lado da montanha, ouço o sino da liberdade!

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Proposta do PontoRádioCom

Cinema

Foto: Roger Peres

No último sábado (09), foi realizada a primeira sessão de cinema promovida pelo núcleo de arte e cultura da RádioCom. O local escolhido foi Sindicato dos Bancários, mas para saber onde seria veiculado o filme e a que horas começaria a sessão, os interessados tiveram que acessar a internet. Tanto pelo e-mail, quanto por meio do blog da RádioCom, os interessados puderam descobrir como se daria a atividade. Com um público acima do esperado, os organizadores já pensam em realizar uma nova sessão ainda este mês, seguindo os mesmos moldes da primeira.

O Filme: Com a direção e produção do polonês Krzysztof Kieloswsk, realizado num momento em que a lei marcial ainda vigorava na Polônia, "Przypadek" (1983) - seguindo as demonstrações do movimento cultural solidário daquele momento - foi censurado durante cinco anos. Um personagem, três possibilidades, vários desfechos, e muito realismo, ironia e magia cinematográfica.

Fonte:
linha-dos-nodos.blogspot.com

O que é o projeto?
É um projeto que tem como foco promover a cultura contra-hegemônica e criar espaços virtuais de cinema. Além disso, a ideia é incorporar movimentações artísticas em espaços já existentes, em lugares aleatórios que ofereçam a oportunidade de ver um filme fora do circuito comercial.

Segundo Guy Debor, “As relações entre os homens já não são mediadas apenas pelas coisas, mas diretamente pelas imagens e superficialidade”.

Na foto: Glênio Ríssio, Tiago Al-Alan e Jorge Martins começam os preparativos para a atividade no Sindicato dos Bancários

Uma sugestão de uma boa dica

Cultura

Constantemente recebo dicas de amigos. Filmes, livros, lugares, comidas, bandas, séries e aleatoriedades também são sempre bem-vindas. Costumo guardá-las em uma listinha, mental ou em papel (se a minha cabeça fosse um HD não teria mais espaço) e na maioria das vezes elas valem a pena. Se a dica valer mesmo a pena, sempre lembro de dar o retorno e agradecer a sugestão. De “mais ou menos” pra baixo o ritual é parecido, tirando a parte do agradecimento e trocando para uma conversa, às vezes discussão- pacífica, para analisar melhor.

Ultimamente a lista está enorme. As temporadas de séries que pareciam tão curtinhas agora se acumulam na minha lista, que já parece quilométrica. Se atualizar parece impossível. Bandas velhas com discos novos pra mim são inexistentes e bandas novas não surgiram nos últimos meses. Livros a minha cabeceira já tem três, ganhados nas últimas datas que se comemora alguma coisa que tenha que se trocar presentes. Estão lá, abandonados os coitados. Se pudessem falar, nem sei o que diriam...

Mas eis que recebo esta dica, que passou na frente de todas as outras (desculpem outras!) e foi direto para o primeiro lugar, como se fosse idosa, gestante ou mulher com criança no colo. A prioridade não foi só em relação a outras sugestões, mas em relação a tudo, inclusive faculdade, médico e francês, tamanha era a vontade de conhecer o lugar, ver tudo com meus próprios olhos e tirar minhas próprias conclusões.

O soco no estômago foi tão forte que quase passei pro lado deles. A futura jornalista aqui achando que estava muito mal informada. Como poderia não ter ouvido nada a respeito? Televisão, rádio, flyer, internet, jornal, nada. Como se um lugar novo precisasse de publicidade ou de jornalismo. Que vergonha! Mas me desculpei por ter sido só por alguns instantes e eu ter percebido sozinha a burrice.

Para minha aflição, era como eu tinha imaginado. O indicador (palavra inventada pra quem dá a dica), por não conseguir segurar a empolgação me descreveu tudo, detalhe por detalhe. O que não faz com que o lugar perca a graça, evidente. Só acaba um pouquinho com a magia, que poderia ser ainda maior por não saber o que esperar, sem estar pré-condicionado.
Então fico por aqui, sem descrições, pois para mim as melhores dicas são as que nos matam de curiosidade, vão lá pro topo das prioridades e de lá não ficam muito tempo, pra dar lugar pra outras.

O mistério é grande, mas pra quem não conhece vai fazer diferença.
Eu garanto.
DICA: Pelotas, rua General Telles, n° 755.

Discurso aos imbecis

Geral

Sob sabatinada de perguntas, o escritor e colunista de Zero-Hora David Coimbra falou aos alunos de jornalismo da Universidade Católica de Pelotas. A palestra, integrou um ciclo pelo estado envolvendo as pratas da casa enaltecendo suas peripécias nos 45 anos da ZH.

Surpreendente para alguns, comprobatória para outros a ‘palestra’ ministrada pelo multi-jornalista David Coimbra foi no mínimo preocupante. Na terça-feira 05 de maio, os alunos da UCPel que lotaram o auditório Dom Antônio Zattera ouviram um dos considerados principais jornalistas do grupo RBS explanar sobre as suas viagens pelo mundo e as suas experiências com sanitários no oriente.

David esteve em Pelotas na chuvosa noite do dia cinco para falar aos futuros jornalistas sobre o seu trabalho, como parte da divulgação do lançamento do livro ‘45 reportagens que fizeram história’ da Zero-Hora. Entre um gole e outro d’água, o jornalista respondeu aos questionamentos dos acadêmicos, sentado ao lado do diretor da escola de comunicação da universidade Jairo Sanguiné.

Ávidos por ouvir alguma palavra de incentivo ou, no mínimo, de conteúdo, os universitários ficaram espantados ao ouvir o jornalista-estrela falar de situações inusitadas vividas por ele como se fossem dicas práticas de como funciona o dia-a-dia de um grande comunicador.

Questionado a respeito da construção participativa, o jornalista foi resoluto. “Eu não gosto de nada que não seja feito por um profissional. Os jornalistas tem que escrever e os leitores, ler. Tem muita coisa ruim que vem do povo, são uns imbecis”, disse ele, causando admiração inclusive no diretor da escola. Rebatido por um aluno, David Coimbra foi então questionado se a culpa não seria dos próprios jornalistas, formadores de opinião. Ao que ele respondeu. “Eu nunca formei uma única opinião até hoje. Não que não tenha tentado. Minha mãe, por exemplo, as vezes tento formar a opinião dela. Não consigo. Ela não concorda comigo. E os leitores. Jamais um leitor admitiu que formei a opinião dele”, eximindo-se de qualquer acusação.

O jornalista, diretor executivo de esportes da ZH, falou também sobre a relação da mídia da capital com os clubes de futebol do interior. “Eu nunca comentaria um São José e Ulbra, por exemplo. Só comento jogo grande”, disse.

O colunista ficou visivelmente irritado quando foi tachado de machista por uma aluna, em função de sua maneira de escrever sobre o sexo feminino. Prova disso é que, mesmo após a palestra, os textos publicados em seu blog pessoal expressavam o seu desconforto com rotulações.

Para finalizar, David falou o que pensa sobre a possibilidade da não-obrigatoriedade do diploma para o exercício da profissão. Segundo ele, o diploma não é tão importante assim, pois “qualquer arquiteto, advogado ou médico que fizer um cursinho de um ano poderá exercer o ofício de jornalista”, apesar de acreditar que, mesmo sem a exigência do diploma, as empresas priorizariam a contratação de profissionais com formação.

David Coimbra ignorou completamente as questões teóricas da comunicação, tratando-a como uma simples prática unilateral, monopolizada e focada nos grandes centros urbanos. O jornalista mostrou total desconsideração com seus leitores, ouvintes, e futuros colegas de profissão, evidenciando a razão pela qual a informação produzida pelo grupo do qual faz parte deixa tanto a desejar.

No final, os estudantes levantaram-se de seus assentos e, sem os tradicionais aplausos, deixaram o auditório com as mesmas dúvidas que entraram. Apesar do expressivo número de perguntas levantadas, o vazio das respostas transformaram a ‘palestra’ em frivolidade e perda de tempo.

Caricatura de Michel Denardin - arteaoavesso.blogspot.com

Diário de um detento: o livro

Leia

Em 2001 a segunda edição de Diário de um detento: o livro é apresentado pela Editora Larbotexto. A obra é uma narração da vida de Jocemir nas penitenciarias pela qual passou e sofreu todos os tipos de abuso. O protagonista e escritor dessa história conta com detalhes suas passagens pelas cadeias de Barueri e Osasco e os presídios Casa de Detenção, o Carandiru e Avaré, considerados por ele um paraíso quando comparados com as cadeias públicas.

Sua história começa em 1994 quando policiais da divisão de narcóticos se envolvem numa transação ilegal com uma gangue de cargas roubadas juntamente com seu irmão. Jocemir teve que assumir a culpa ou seria acusado por trafico de drogas.

A batalha pela sobrevivência começa ao enfrentar à tortura policial, depois conquistando lentamente a confiança dos outros presos que por muitas vezes lhe extorquiram, mas também surpreendentemente foram solidários. Tornou-se conhecido e valorizado na cadeia por saber escrever. Foi assim que seu conceito entre seus colegas aumentou, quando decidiu redigir cartas, poemas e até mesmo o estatuto da facção CDL.

Foi através do que escreveu que Jocemir foi procurado por Mano Brown, da banda Racionais MC’s que transformou alguns de seus versos na musica “Diário de um detento” do disco “Sobrevivendo no inferno”.

Comentário:
O livro pode ser considerado um desabafo do autor sobre tudo o que viveu e presenciou nesses anos trancafiado em celas sujas infestadas de pulgas, comendo comida estragada, sofrendo abusos de seus companheiros e principalmente da policia que não demonstra nem um tipo de respeito ao próximo.

A dignidade dessas pessoas normalmente some diante de tanta brutalidade e desrespeito, no caso de Jocemir foi diferente, ele usou o que viveu para crescer como pessoa e expor para sociedade como é a vida de um condenado, mesmo que injustamente, pela justiça.

São visíveis os problemas encontrados nas carceragens brasileiras. Podemos perceber claramente que a instituição esta praticamente falida e na sua maioria abriga mais detentos do que sua capacidade. Estes vivem em condições precárias sem assistências mínimas de sobrevivência. Esse fato causa mais revolta desse apenado que deixa de ver perspectivas de vida em sociedade.

O estado é falho, novas políticas deveriam ser implementadas para tornar esse cidadão apto a voltar às ruas, preparado psicologicamente e profissionalmente. O que acontece é que essas pessoas voltam à vida em sociedades piores do que quando foram presos. A perda de sua dignidade e a improdutividade dentro do presídio afasta cada vez mais a recuperação desse individuo.

O preconceito encontrado nas ruas também faz com que o ex presidiário volte para a vida de crimes e violência. Mesmo que este tenha pago por seus crimes é visto como marginal sem chances de introdução ao mercado de trabalho.

A discussão é ampla e envolve principalmente a condição de desigualdade social em que vivemos. Uma porcentagem grande de jovens provenientes de periferias não enxerga futuro para si mesmo se não no crime. Isso é um fato triste e preocupante, porém verdadeiro. Uns com muito e muitos com pouco agrava cada vez mais a violência urbana que cresce a cada dia.

Valor médio do livro: R$ 20,00

Formidável tarde chuvosa

Música

Com um sonzinho bom e diferente, a banda Formidável Família Musical misturou sua música ao som da chuva que corria lá fora


Tarde chuvosa e vontade de ouvir algo novo. A sintonia com um amigo bateu mais forte ao passo em que pedi alguma dica. A resposta chegou rápida: "Formidável Família Musical". Que nome é esse? Intrigante esse silêncio da grande mídia. Nunca "ouvi" falar dos caras em lugar algum. Parece que algumas coisas tornam-se "invisíveis" ou "inexistentes" nos espaços musicais mesmo que carreguem uma ótima qualidade musical. Mas como de praxe, liguei a música e fui pesquisar na internet sobre a banda. Engraçado. Não consegui "caracterizar" o som. Ainda não sei se é folk ou rockzinho alternativo com uma pitada de música popular. Tudo isso não é a mesma coisa ou apenas parece se interligar? Lembrei de cara dos anos 60. Lembrei também de Los Hermanos, Vanguart e tantas outras coisas.

Foto: Divulgação

A banda:

Formidável Família Musical “nasceu” em Salvador e está na estrada desde 2005. Com influências musicais de artistas como Beatles, Gilberto Gil, Pearl Jam e Los Hermanos, eles fazem um som conceituado por eles mesmos como: "Folk Rock / Psicodélico / Powerpop". Algo retrô misturado com estilos atuais.
Os cinco integrantes baianos parecem acostumados a tocar em praias e parques desde o início da formação da banda. Sem tantas pretensões lucrativas e com o lema: "Tudo natural, simples e verdadeiro", eles viajam de qualquer maneira pelo Brasil fazendo shows e tocando em lugares alternativos, mesmo ainda não possuindo um disco independente. Segundo informações do myspace, a banda está em processo de gravação e logo o primeiro disco intitulado "Convescote" já estará por aí.

Por enquanto, algumas músicas de autorias próprias no myspace, um perfil no palcomp3, além de videos no youtube e perfis e comunidades no orkut é o que anda rolando pela internet para quem curtir poder se interar um pouco mais.

Se gostar do som, passe adiante!