quinta-feira, 14 de maio de 2009

Diário de um detento: o livro

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Em 2001 a segunda edição de Diário de um detento: o livro é apresentado pela Editora Larbotexto. A obra é uma narração da vida de Jocemir nas penitenciarias pela qual passou e sofreu todos os tipos de abuso. O protagonista e escritor dessa história conta com detalhes suas passagens pelas cadeias de Barueri e Osasco e os presídios Casa de Detenção, o Carandiru e Avaré, considerados por ele um paraíso quando comparados com as cadeias públicas.

Sua história começa em 1994 quando policiais da divisão de narcóticos se envolvem numa transação ilegal com uma gangue de cargas roubadas juntamente com seu irmão. Jocemir teve que assumir a culpa ou seria acusado por trafico de drogas.

A batalha pela sobrevivência começa ao enfrentar à tortura policial, depois conquistando lentamente a confiança dos outros presos que por muitas vezes lhe extorquiram, mas também surpreendentemente foram solidários. Tornou-se conhecido e valorizado na cadeia por saber escrever. Foi assim que seu conceito entre seus colegas aumentou, quando decidiu redigir cartas, poemas e até mesmo o estatuto da facção CDL.

Foi através do que escreveu que Jocemir foi procurado por Mano Brown, da banda Racionais MC’s que transformou alguns de seus versos na musica “Diário de um detento” do disco “Sobrevivendo no inferno”.

Comentário:
O livro pode ser considerado um desabafo do autor sobre tudo o que viveu e presenciou nesses anos trancafiado em celas sujas infestadas de pulgas, comendo comida estragada, sofrendo abusos de seus companheiros e principalmente da policia que não demonstra nem um tipo de respeito ao próximo.

A dignidade dessas pessoas normalmente some diante de tanta brutalidade e desrespeito, no caso de Jocemir foi diferente, ele usou o que viveu para crescer como pessoa e expor para sociedade como é a vida de um condenado, mesmo que injustamente, pela justiça.

São visíveis os problemas encontrados nas carceragens brasileiras. Podemos perceber claramente que a instituição esta praticamente falida e na sua maioria abriga mais detentos do que sua capacidade. Estes vivem em condições precárias sem assistências mínimas de sobrevivência. Esse fato causa mais revolta desse apenado que deixa de ver perspectivas de vida em sociedade.

O estado é falho, novas políticas deveriam ser implementadas para tornar esse cidadão apto a voltar às ruas, preparado psicologicamente e profissionalmente. O que acontece é que essas pessoas voltam à vida em sociedades piores do que quando foram presos. A perda de sua dignidade e a improdutividade dentro do presídio afasta cada vez mais a recuperação desse individuo.

O preconceito encontrado nas ruas também faz com que o ex presidiário volte para a vida de crimes e violência. Mesmo que este tenha pago por seus crimes é visto como marginal sem chances de introdução ao mercado de trabalho.

A discussão é ampla e envolve principalmente a condição de desigualdade social em que vivemos. Uma porcentagem grande de jovens provenientes de periferias não enxerga futuro para si mesmo se não no crime. Isso é um fato triste e preocupante, porém verdadeiro. Uns com muito e muitos com pouco agrava cada vez mais a violência urbana que cresce a cada dia.

Valor médio do livro: R$ 20,00

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