Geral
Sob sabatinada de perguntas, o escritor e colunista de Zero-Hora David Coimbra falou aos alunos de jornalismo da Universidade Católica de Pelotas. A palestra, integrou um ciclo pelo estado envolvendo as pratas da casa enaltecendo suas peripécias nos 45 anos da ZH.
Surpreendente para alguns, comprobatória para outros a ‘palestra’ ministrada pelo multi-jornalista David Coimbra foi no mínimo preocupante. Na terça-feira 05 de maio, os alunos da UCPel que lotaram o auditório Dom Antônio Zattera ouviram um dos considerados principais jornalistas do grupo RBS explanar sobre as suas viagens pelo mundo e as suas experiências com sanitários no oriente.
David esteve em Pelotas na chuvosa noite do dia cinco para falar aos futuros jornalistas sobre o seu trabalho, como parte da divulgação do lançamento do livro ‘45 reportagens que fizeram história’ da Zero-Hora. Entre um gole e outro d’água, o jornalista respondeu aos questionamentos dos acadêmicos, sentado ao lado do diretor da escola de comunicação da universidade Jairo Sanguiné.
Ávidos por ouvir alguma palavra de incentivo ou, no mínimo, de conteúdo, os universitários ficaram espantados ao ouvir o jornalista-estrela falar de situações inusitadas vividas por ele como se fossem dicas práticas de como funciona o dia-a-dia de um grande comunicador.
Questionado a respeito da construção participativa, o jornalista foi resoluto. “Eu não gosto de nada que não seja feito por um profissional. Os jornalistas tem que escrever e os leitores, ler. Tem muita coisa ruim que vem do povo, são uns imbecis”, disse ele, causando admiração inclusive no diretor da escola. Rebatido por um aluno, David Coimbra foi então questionado se a culpa não seria dos próprios jornalistas, formadores de opinião. Ao que ele respondeu. “Eu nunca formei uma única opinião até hoje. Não que não tenha tentado. Minha mãe, por exemplo, as vezes tento formar a opinião dela. Não consigo. Ela não concorda comigo. E os leitores. Jamais um leitor admitiu que formei a opinião dele”, eximindo-se de qualquer acusação.
O jornalista, diretor executivo de esportes da ZH, falou também sobre a relação da mídia da capital com os clubes de futebol do interior. “Eu nunca comentaria um São José e Ulbra, por exemplo. Só comento jogo grande”, disse.
O colunista ficou visivelmente irritado quando foi tachado de machista por uma aluna, em função de sua maneira de escrever sobre o sexo feminino. Prova disso é que, mesmo após a palestra, os textos publicados em seu blog pessoal expressavam o seu desconforto com rotulações.
Para finalizar, David falou o que pensa sobre a possibilidade da não-obrigatoriedade do diploma para o exercício da profissão. Segundo ele, o diploma não é tão importante assim, pois “qualquer arquiteto, advogado ou médico que fizer um cursinho de um ano poderá exercer o ofício de jornalista”, apesar de acreditar que, mesmo sem a exigência do diploma, as empresas priorizariam a contratação de profissionais com formação.
David Coimbra ignorou completamente as questões teóricas da comunicação, tratando-a como uma simples prática unilateral, monopolizada e focada nos grandes centros urbanos. O jornalista mostrou total desconsideração com seus leitores, ouvintes, e futuros colegas de profissão, evidenciando a razão pela qual a informação produzida pelo grupo do qual faz parte deixa tanto a desejar.
No final, os estudantes levantaram-se de seus assentos e, sem os tradicionais aplausos, deixaram o auditório com as mesmas dúvidas que entraram. Apesar do expressivo número de perguntas levantadas, o vazio das respostas transformaram a ‘palestra’ em frivolidade e perda de tempo.
Caricatura de Michel Denardin - arteaoavesso.blogspot.com
quinta-feira, 14 de maio de 2009
Assinar:
Postar comentários (Atom)
2 comentários:
Eu nunca ouvi tanta bobagem sobre jornalismo em tão pouco tempo quanto naquela noite. É impressionante a irresponsabilidade - ou seria o super ego? - de um jornalista teoricamente conhecido. IOlha que vergonha alheia eu senti por aquele babaca. Ele é qualquer coisa menos jornalista né? Além de todos os fatos citados no texto, lembro também na hora que ele falou do ex-preso que escreveu um livo e "recuperou". Tudo bem que essa coisa de ex-presidiários é complexa. Agora, considerando que o tal foi fichado pela primeira vez aos 8 anos e, após isso roubou, matou estuprou etc. Sendo assim, achei altamente indignante o Coimbra falar que confiava plenamente na recuperação do cara. COMO ASSIM??? Na hora tudo que eu quis era gritar: "então deixa tua filha pequena com ele"! Por favor né, sei que é polêmico...mas sinceramente nas condições de recuperação que a FEBEN - época - deve ter oferecido, eu suponho que ele estivesse mais problemático, criminoso e etc. Não é porque escreveu um livro que isso vai mudar.
Foram tantas as bobagens que sinceramente... é um limitado, que pode saber de tudo um pouco, menos de jornalismo.
Eu sou a aluna que disse que CONSIDERAVA os textos dele super machistas, mas isso antes do filho Bernardo nascer. Acredito que a primeira pergunta que fiz a ele sim, foi mal interpretada, mal respondida. Porém, nessa hora que falei do machismo dos textos e brinquei dizendo que depois ele não poderia me negar uma entrevista (e não negou), ficou um tom de brincadeira entre nós dois.
Realmente acho que ele foi infeliz em alguns momentos, como ao dizer para um auditório lotado que a audiência em geral é imbecil, mas mesmo assim ainda acho que a presença de jornalistas conceituados é importante. Mesmo quando estes nos decepcionam e não pensam como nós. Às vezes a decepção com algum profissional que costumávamos admirar, também nos ensina algo.
Acredito sim que ele seja estrela, metido e tudo mais. Mas uma coisa não dá pra negar, ele é uma pessoa sincera.
Paula Blaas
Postar um comentário